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Foto: Thyago Macedo |
Via Tribuna do Norte
Na sala onde o ótico Walde Faraj atende seus clientes há um grande painel que ilustra muito bem o que se procura ali: munir o acessório de personalidade. Nele, fotos de pessoas famosas, com a imagem fortemente atrelada aos seus óculos. Estão lá John Lennon, Mahatma Gandhi, Getúlio Vargas, Lampião, Raul Seixas e Elton John. Neles, armações e lentes são como extensões de suas almas.
Walde comenta ser praticamente impossível imaginar essas celebridades sem óculos. "É como se os óculos já tivessem nascido com eles. Eles podem fazer parte da fisionomia de uma pessoa. Já pensou fazer uma estátua de Lennon ou de Lampião e não colocar os óculos deles? Vão dizer: 'Quem é sujeito?' E já dizia Raul: 'Quem não tem colírio usa óculos escuros'."
Para projetar os óculos, além de buscar conhecer um pouco mais sobre o cliente, o que ele faz e pensa, Walde diz trabalhar em cima de alguns critérios básicos, como desenho das sobrancelhas, da lateral do rosto, formato do nariz e também a cavidade do globo ocular.
Ele submete a clientela a um espelho ovalado munido com uma câmera oculta. O equipamento é denominado Activisu Image In. As imagens colhidas são enviadas para um programa especial de computador onde o ótico as manipula, simulando os modelos criados por ele. O resultado final, em praticamente 100% casos agrada a todos.
Os clientes aprovam
Cliente de Walde Faraj há mais de dez anos, o sociólogo e professor universitário aposentado, João Bosco Pinheiro diz considerá-lo um verdadeiro artista, muito além de um simples proprietário de ótica. "É um profissional seríssimo e de alta capacidade. Ele dá uma formatação artística ao seu rosto, ilumina-o; projeta no computador e faz armações tão leves que parece até que você está sem óculos."
João Bosco diz ter ficado impressionado quando viu Walde traçando o modelo dos óculos e projetando-o através de seus equipamentos. "Ele fez toda perspectiva diretamente no meu rosto. Não é uma questão de vaidade, não. Vemos tantas armações pesadas por aí... Faço as melhores referências sobre Walde."
Como uma maquiagem para o rosto
Na avaliação do designer, quando os óculos são verdadeiramente bons, funcionam como uma espécie de maquiagem para o rosto. "Em cima desses quatro pontos que citei, você pode usar vários modelos. Não é obrigado os óculos serem ovalados, redondos ou quadrados... não existe isso. Você pode fazer um retangular, mas com o formato diferente, mais forte, com movimento na lente. Aí, entra a parte de designer. E eu me considero, sim, um designer de óculos", afirma Walde.
Por falar em lentes, ele as considera essenciais. Do alto de sua experiência, de quem começou ainda menino no mundo dos óculos, Faraj diz não adiantar projetar um modelo muito bonito e colocar uma lente que não corresponda à altura. "Tem que respeitar o modelo, mas a lente ainda representa cinquenta por cento. Pode ser o modelo mais lindo do mundo, mas sem uma boa lente não funciona."
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