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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Personal óculos - atendimento diferenciado na Walde Faraj

Isaac Ribeiro - Repórter

Escolher os óculos ideais, que nos acompanhem todos os dias de nossa vida sem que nos incomodem e ainda combinem com nossos traços faciais, não é tarefa fácil. Há quem passe horas numa ótica e mesmo assim não saia de lá satisfeito com o modelo escolhido. Não seria bom que houvesse um profissional dedica a projetar esses acessórios diretamente no nosso rosto? E há! E o melhor: aqui mesmo na nossa cidade. O nome dele é Walde Faraj, designer de óculos personalizados há mais de dez anos, e um dos únicos no País dedicado a essa atividade.



O próprio Walde diz não ter conhecimento de outro profissional brasileiro que projete óculos diretamente no rosto do cliente. “Nunca ouvi falar; mesmo em reportagens que já saíram comigo, tanto no Brasil como no exterior; nunca citaram outro profissional”, comenta, que desenvolveu sua técnica há mais de 15 anos.

O diferencial de Walde é, primeiro, entender a personalidade do cliente, seus gostos pessoais, o que ele pensa,  se é uma pessoa discreta, se gosta de cores fortes, a área profissional em que atua, entre outros detalhes. 

“Se eu for atender um adolescente, por exemplo, eu converso um pouco com ele. Com qualquer cliente eu já vou conversando. Tem aquele adolescente que quer ser igual ao pai; e não quer algo para a faixa dele; quer se sentir mais velho. Não quer dizer que vou fazer uns óculos de velho para ele; mas projeto um formato que o deixa mais sério. Tem outros que querem ser mais escrachado, mais solto”, comenta o designer. 

As mulheres, apesar da vaidade e do capricho mais apurados com a aparência, também têm o mesmo tratamento dos demais clientes. “Tem umas que não querem que os óculos apareçam tanto no rosto; outras querem chamar mais a atenção.”

Para Walde Faraj, os óculos são, hoje, muito mais do que simples necessidade corretiva do grau da visão. “Eles não são só isso; são verdadeiros acessórios e fazem parte do vestuário. Tem que ser perfeitos, bonitos, combinar com a roupa, com seu dia a dia, sua personalidade e caráter.”

Óculos refletem personalidade de seus donos

Na sala onde o ótico Walde Faraj atende seus clientes há um grande painel que ilustra muito bem o que se procura ali: munir o acessório de personalidade. Nele, fotos de pessoas famosas, com a imagem fortemente atrelada aos seus óculos. Estão lá John Lennon, Mahatma Gandhi, Getúlio Vargas, Lampião, Raul Seixas e Elton John. Neles,  armações e lentes são como extensões de suas almas.

Walde comenta ser praticamente impossível imaginas essas celebridades sem óculos. “É como se os óculos já tivessem nascido com eles. Eles podem fazer parte da fisionomia de uma pessoa. Já pensou fazer uma estátua de Lennon ou de Lampião e não colocar os óculos deles? Vão dizer: ‘Quem é sujeito?’ E já dizia Raul: ‘Quem não tem colírio usa óculos escuros’.”

Para projetar os óculos, além de buscar conhecer um pouco mais sobre o cliente, o que ele faz e pensa, Walde diz trabalhar em cima de alguns critérios básicos, como desenho das sobrancelhas, da lateral do rosto, formato do nariz e também a cavidade do globo ocular. 

Ele submete a clientela a um espelho ovalado munido com uma câmera oculta. O equipamento é denominado Activisu Image In. As imagens colhidas são enviadas para um programa especial de computador onde o ótico as manipula, simulando os modelos criados por ele. O resultado final, em praticamente 100% casos agrada a todos.

Cliente de Walde Faraj há mais de dez anos, o sociólogo e professor universitário aposentado, João Bosco Pinheiro diz considerá-lo um verdadeiro artista, muito além de um simples proprietário de ótica. “É um profissional seríssimo e de alta capacidade. Ele dá uma formatação artística ao seu rosto, ilumina-o; projeta no computador e faz armações tão leves que parece até que você está sem óculos.”

João Bosco diz ter ficado impressionado quando viu Walde traçando o modelo dos óculos e projetando-o através de seus equipamentos. “Ele fez toda perspectiva diretamente no meu rosto. Não é uma questão de vaidade, não. Vemos tantas armações pesadas por aí... Faço as melhores referências sobre Walde.”  

Na avaliação do designer, quando os óculos são verdadeiramente bons, funcionam como uma espécie de maquiagem para o rosto. “Em cima desses quatro pontos que citei, você pode usar vários modelos. Não é obrigado os óculos serem ovalados, redondos ou quadrados... não existe isso. Você pode fazer um retangular, mas com o formato diferente, mais forte, com movimento na lente. Aí, entra a parte de designer. E eu me  considero, sim, um designer de óculos”, afirma Walde.

Por falar em lentes, ele as considera essenciais. Do alto de sua experiência, de quem começou ainda menino no mundo dos óculos, Faraj diz não adiantar projetar um modelo muito bonito e colocar uma lente que não corresponda à altura. “Tem que respeitar o modelo, mas a lente ainda representa cinquenta por cento. Pode ser o modelo mais lindo do mundo, mas sem uma boa lente não funciona.”

Walde começou trabalhando nas óticas do pai

Walde Faraj conta ter começado nessa área aos 14 anos de idade, trabalhando com seu pai, proprietário, à época, das Óticas Brasil, uma das primeiras da cidade. Garoto curioso que diz sempre ter sido, ele vivia intrigado com a padronização inconteste das armações, independente da diversidade de traços fisionômicos e do gosto pessoal. “Vivia me perguntando por que as pessoas tinham que escolher sempre aqueles modelos que estavam na vitrine. Comecei a ver que todo mundo tinha o rosto diferente; e que as pessoas, na época, compravam os óculos iguais aos de fulano, porque gostou como eles ficaram no rosto dele... As pessoas usavam aqueles tipos de óculos porque o amigo estava usando.”

Foi então que ele começou a interferir, sentindo as diferenças saltando aos olhos, literalmente. Questionava-se por que não era possível modificar óculos assim como se faz com calças e camisas, por exemplo. “Quando atendia um cliente e via que os óculos estavam muito grandes, eu diminuía; se estavam muito baixos, eu aumentava.”

O trabalho de personalização foi se espalhando e chegando aos ouvidos de outros clientes a partir de modificações feitas. Ele conta que um dos primeiros clientes seus gostava muito da cor e do modelo de uns óculos na vitrine, mas não do formato. “Então, eu cheguei para ele e disse: Passe amanhã, que eu vou dar uma modificada e fazer os óculos que você quer. E vai ser esse aqui mesmo.” No outro dia, quando ele colocou os óculos, ficou surpreso com o resultado e disse que era exatamente aquilo que ele queria. “Como ficou muito bonito no rosto dele, por onde ele passava dizia que tinha sido feito especialmente para o rosto dele. As coisas começam assim...”  

Via: Tribuna do Norte

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